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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O que Jesus Cristo disse sobre as imagens?

Culto a imagens: ver Cristo se comparar à serpente de bronze pode deixar muito cristão bugado


O que mais tem por aí são cristãos que já se consideram salvos e se sentem superiores aos católicos – a quem chamam de idólatras – pelo fato de não prestarem culto a imagens de santos. Mas o que Jesus Cristo disse sobre as imagens?

Como já observamos em outro post, em NENHUM dos quatro Evangelhos Jesus cita de forma negativa as imagens religiosas. Isso é especialmente interessante, se considerarmos que certos cristãos praticamente só falam disso, e colocam tanto foco nessa questão!…

Mesmo quando enumerou os Mandamentos (como em Mt 22,36-38, Mc 12,28-30 e Mt 19,17-19), Jesus não citou a questão das imagens. Será que isso não leva ninguém a desconfiar que a proibição ao uso de imagens não é parte essencial e inalienável dos Dez Mandamentos?

“Se queres entrar na vida, observa os mandamentos. Quais?, perguntou ele. Jesus respondeu: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 19,17-19)

E a única vez – A ÚNICA! – em que a Bíblia relata o Cristo se referindo alguma imagem religiosa, Ele não faz uma condenação, mas sim LIGA A SUA PESSOA AO SIMBOLISMO DESSA IMAGEM: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3,14-15).

Trata-se da serpente de bronze que Deus mandou Moisés fabricar e fixar sobre um poste. Quando os israelitas, picados por serpentes venenosas, olhavam para a serpente de bronze, se salvavam da morte. Cristo se compara a essa serpente, porque ao adorarem o Deus Crucificado, os homens envenenados pelo pecado se livram da morte eterna da alma.

Jesus se comparou a uma imagem feita por mãos humanas! Tenho certeza de que muitos irmãos não-católicos, mesmo já tendo lido essa passagem mil vezes, jamais tinham parado para ver a realidade sob este ângulo. Prevejo angústia em certos coraçõezinhos…

Essa Palavra saída da boca de Cristo basta para indicar que o bom uso das imagens religiosas é possivel. Se as imagens fossem más, vocês acham que Jesus teria dito – como disse – que foi bem representado por uma delas, gente?

A PROIBIÇÃO DO USO DE IMAGENS FOI CIRCUNSTANCIAL

“Ain, mas Deus mandou destruir a serpente de bronze, porque os israelitas começaram a idolatrá-la”. Essa objeção é fácil de detonar. Deus conhece o futuro, certo? Obviamente, Ele sabia que, anos depois, o sentido da imagem da serpente seria pervertido e ela seria idolatrada. Ainda assim, ordenou a confecção da imagem e a utilizou como canal para distribuir graças ao povo de Israel.

Tal decisão da parte de Deus só se justifica por uma lógica: a de que o posterior efeito colateral da confusão idólatra era inferior ao bem que a imagem da serpente de bronze faria ao povo (não só com a cura, mas também com sua força simbólica, prefigurando o Messias levantado na cruz).

Isso evidencia que Deus proibiu as imagens de forma CIRCUNSTANCIAL (já explicamos aqui no blog que algumas leis da Antiga Aliança se confirmam na Nova Aliança, são eternas; enquanto outras se tornam obsoletas – pois eram circunstanciais, ou seja, tinham validade somente em dada circunstância). Naquele momento específico da história do povo de Deus, portanto, não convinha a existência de imagens, pois o povo confundia entre a fé no verdadeiro Deus e a fé em deuses criados pela imaginação humana. Era uma realidade cultural desfavorável ao uso de imagens.

Mas se Deus, para determinado momento da História da Salvação, considerou que a imagem religiosa era boa e conveniente para o povo, Ele não poderia, em outro momento da História da Salvação, novamente considerar que tal instrumento deveria ser novamente usado para o bem das almas?


A resposta é: SIM! Pois foi isso que aconteceu, gradualmente, na vida da Igreja primitiva.

AS IMAGENS DE SANTOS NA IGREJA PRIMITIVA

As numerosas imagens de personagens bíblicos nas catacumbas mostram que a comunidade cristã já não levava ao pé da letra a proibição exposta no Êxodo, de não fazer imagens. Esses afrescos (muitos deles datados dos séculos II e III) eram cultuados como os católicos fazem hoje? Não sabemos. Mas a sua existência sinaliza que a interpretação sobre a questão da confecção de imagens estava mudando no coração da Igreja.

No Novo Testamento, permanece a condenação eterna à idolatria. E o que isso significa? Que o cristão não pode participar do culto de outras religiões, nem deve confundir o Deus Todo-Poderoso com o sol, as montanhas, os animais, e adorar essas coisas como se fossem Deus. Por isso, São Paulo diz:

“Mudaram a majestade de Deus incorruptível em representações e figuras de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis. (…) Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém!” (Rom 1,23-25)

Até o século IV, o cristianismo era proibido pelo Império Romano. Não havia templos em que se pudesse desenvolver a arte religiosa, e seria muito arriscado ter imagens religiosas em casa.

Esse cenário muda radicalmente a partir do momento em que o Imperador Constantino, no ano 313, deu liberdade de culto aos cristãos. Eles puderam, então, erguer os seus primeiros templos, onde começou a se desenvolver a arte religiosa, inclusive por meio de esculturas.

O Papa, com o poder das chaves que Jesus entregou a Pedro, ligou as imagens de santos aos Céus, afirmando a sua utilidade para a edificação das almas.  Ao fazer isso, ele não contrariou a verdade que a Bíblia revela (ele não pode fazer isso!), mas sim deu a essa questão a correta interpretação.

Fonte: Aleteia
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